O artigo analisa o caso de contaminação do “condomínio Volta Grande IV” por resíduos industriais da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda no Sul Fluminense (RJ). A noção de “infraestrutura siderúrgica” é desenvolvida como chave de análise capaz de restituir conceitual e etnograficamente a dimensão invisível da produção siderúrgica, ao enfocar o lado residual da infraestrutura, caracterizado pela toxicidade. O objetivo do artigo é compreender as relações de poder e dinâmicas políticas engendradas pelas substâncias tóxicas na configuração de arenas de disputa em torno de seus potenciais usos e efeitos. A partir da apresentação de quatro cenários – a contaminação, a controvérsia científica, o processo judicial e a arena ambiental- a narrativa etnográfica adota o tempo como objeto privilegiado, discutindo as formas como temporalidades divergentes atravessam diferencialmente a infraestrutura e seus efeitos políticos na construção de estratégias corporativas e processos de contestação social, que terminam por conformar uma “política resiliente”.
Publicado no dossiê Visões críticas e cosmopolíticas para uma antropologia da infraestrutura Latino Americana na Revista AntHropológicas da UFPE, em 2020. Acesse o artigo aqui