A reciclagem no Brasil se constituiu historicamente a partir da atividade informal dos “catadores”. Este cenário se alterou nos últimos 15 anos com a organização política da categoria, a criação de um marco regulatório para a gestão de resíduos no país e a tentativa de formalização desta atividade através de políticas públicas de inclusão social, com o fomento ao cooperativismo e à economia solidária. No contexto atual, de crise econômica e forte desemprego, novas tecnologias de governo dos resíduos emergem na esteira da “economia colaborativa”, com o objetivo de fomentar a da coleta seletiva solidária e gerar trabalho e renda para os catadores, como o aplicativo Cataki. A pesquisa busca refletir sobre as transformações nos sistemas de gestão de resíduos e seus efeitos sobre o trabalho dos catadores. A partir da análise etnográfica do aplicativo, buscamos compreender os modos como esse trabalho é ressignificado e como ele tende a se realizar na prática. Em meio a distintos paradigmas econômicos, identificamos uma tensão entre precarização e formalização, dinamizada pela lógica do empreendedorismo, que tende a ser englobante na contemporaneidade.