Este artigo tem como objetivo debater as intricadas relações entre memória e patrimônio industrial, a partir da análise dos depoimentos de Lauro Oliveira Rios e Cândida Maria Privado, cujas trajetórias de vida e trabalho estão ligadas às edificações da fábrica de leite da Cooperativa Central dos Produtores de Leite (CCPL), na Zona Norte do Rio de Janeiro. Fechada no final da década de 1990, a fábrica foi ocupada por centenas de famílias em 2001, que passaram a dividir o espaço do terreno com os antigos transportadores do estabelecimento. A análise das narrativas das lideranças de cada um desses espaços aponta para uma multiplicidade de sentidos atribuídos à ruína da antiga fábrica, que dependem do modo como cada sujeito constrói e narra a historicidade do espaço urbano que produziu a ruína.